O plano de comércio exterior do Brasil para 2017
O plano de comércio exterior do Brasil para 2017
Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual! (Albert Einstein)
O ministro Marcos Pereira lançou nesta quarta-feira o cronograma de ações do Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) em 2017 e o início de parcerias com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Diz o ministro: “Tenho dito que a retomada do crescimento econômico do Brasil exige que olhemos para fora de nossas fronteiras. Por isso, além de melhorar a competitividade do comércio exterior brasileiro, concluir acordos comerciais e reduzir barreiras às nossas exportações, o governo brasileiro está buscando ampliar a participação das nossas empresas no mercado internacional por meio de ações como o PNCE e soluções internas para a melhoria da competitividade do comércio exterior”, disse o ministro.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a indústria só será realmente forte e competitiva se participar do comércio global. “O PNCE nos entusiasma muito e todas as Federações das Indústrias são aliadas na busca para que as empresas brasileiras possuam melhor participação no mercado internacional”, disse ele durante o evento.
O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, ressaltou a importância do PNCE, já que as micro e pequenas empresas são as que mais geram empregos formais no Brasil. “O esforço conjunto para atender essas empresas é importante porque a participação delas na exportação ainda é pequena e a ação exportadora depende de forte integração”, declarou.
Também estiveram presentes os presidentes da Apex-Brasil, Roberto Jaguaribe; do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo; da ABDI, Guto Ferreira; do INPI, Luiz Otávio Pimentel; dos Correios, Guilherme Campos; da CACB, George Pinheiro; além do representante do BID no Brasil, Luiz Florez; e da superintendente de Operações Internacionais da CEF, Maria Lucia de Paula Macedo.
O plano: A meta é traçar o diagnóstico de 500 empresas, desenvolver planos de negócios para 200 delas e, ao final do projeto, em 2018, ter ao menos 100 novas empresas com operação concreta de exportação.
Ocorre que o Brasil tem (ou tinha) 1.100.000 empresas industriais em 2015 e somente 23.548 empresas conseguiram exportar em 2015! Ou, em percentuais, meros 2.14% das empresas.
O número de empresas exportadoras variou de 19.796, em 2003, para 23.548, em 2015, portanto sem alteração significativa. E isto mostra que todas as ações adotadas nos últimos 12 anos, e nos anos anteriores também, não surtiram o efeito esperado. E por que não se faz algo diferente? Será que os gestores do comércio exterior brasileiro não têm experiência depois de tantos anos fazendo a mesma coisa e tendo os mesmos resultados?
As estreantes no mercado externo em 2016 – 4.843 empresas, segundo o Globo – certamente o fizeram por necessidade e menos por oportunidade.
A se seguir a meta de traçar o diagnóstico de 500 empresas para, em 2018, e ter pelo menos 100 novas empresas exportadoras, e considerando o número de de 1.100.000 empresas industriais possíveis, vamos precisar de 2.200 anos para diagnosticar estas potenciais empresas!
Praticar o comércio internacional não tem muito mistério, nem demanda planos complexos – e nem precisa de reuniões concorridas. É só executar as premissas:
1) Capacitação e habilitação para entender e operacionalizar os negócios internacionais.
2) Conhecimento de mercados, para acessar mercados, clientes e fornecedores.
3) Conhecimento dos parceiros de serviços de comércio exterior e logística, sem os quais a empresa não consegue realizar as entregas/recebimentos de produtos.
Adicionalmente ao potencial que o comércio exterior brasileiro têm – 1.100.000 empresas industriais potencialmente exportadoras e importadoras – este mesmo potencial também têm a capacidade de gerar milhares de novas oportunidades de trabalho e emprego para serviços aduaneiros, consultores, profissionais de logística, bancos, seguradoras, transportadores e uma série de outros profissionais indispensáveis no comércio exterior.
A propósito, se os gestores do comércio exterior desconhecem, o ITC (International Trade Centre), agência da ONU e OMC para o desenvolvimento do comércio internacional recentemente firmou um “Memorandum of Understanding” com uma startup brasileira para disponibilizar uma plataforma gratuita de comércio internacional para pequenas empresas no mundo – 164 países -, que atende as três premissas acima.
Talvez até nem tenha sido Albert Einstein quem disse a frase do sub-título, mas ela continua verdadeira: Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual!
Alfredo Kleper Lavor, economista