Custos portuários e de transporte na exportação
A pesquisa, “Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras” realizada pela FGV-EAESP para a CNI, com amostra de 847 empresas de todos os portes e de todas as regiões do Brasil, sendo 64% delas de micro e pequeno porte, elencou os principais desafios para exportar. No topo da lista, em todas as regiões estão: custos do transporte e tarifas cobradas nos portos e aeroportos.
Por sua relevância, neste texto é abordado o desafio desses custos no transporte marítimo em contêiner ou ainda, de carga solta que vira contêiner e, que é complementado pelo transporte basicamente rodoviário antes de chegar ao porto.
O Brasil é um país burocrático na sua maneira de trabalhar inclusive para exportar. Muitas tarifas e sobretaxas não são privilégios brasileiros. Para o exportador é importante entender o que são esses custos para que possa incluí-los na formação do preço de venda ou questionar a sua cobrança.
Falando de transporte marítimo, historicamente é uma atividade muito sensível à equação de oferta e demanda, ou seja, quanto de espaço está disponível em relação à demanda por transporte de exportação. A indústria da navegação em contêiner vem, ao longo dos anos, investindo em navios maiores e mais econômicos o que se reflete na redução sensível dos valores médios dos fretes marítimos por contêiner. Sempre importante conhecer qual a situação da rota específica – Brasil/Europa, Brasil/Ásia, por exemplo -, se há espaço disponível ou a falta dele, pois isso já é um indicador de custo da parte marítima do frete de exportação.
Adentrando o porto, há um leque de tarifas, taxas e sobretaxas que são cobradas e que o exportador deve conhecer e quantificar. Excetuado o frete marítimo e BAF ou taxas diretamente relacionadas a ele, as taxas locais citadas abaixo, são cobradas na origem e no destino. Então é relevante identificar a responsabilidade do exportador no processo de venda internacional e alocar os valores ao custo de exportação conforme o caso. As taxas e sobretaxas mais relevantes são:
- Cobrados pelo transportador marítimo: frete marítimo; BAF ou Bunker Adjustment Factor (sobretaxa de combustível); THC (Terminal Handling Change ou taxa de manuseio da carga no terminal, a antiga capatazia); taxa de emissão de Bill of Lading (conhecimento de embarque); ISPS Code (International Ship and Port Facility Security Code – Padrão internacional de segurança para navios e terminais portuários); taxa diária de Detention ou retenção do contêiner após o prazo livre de uso. Ainda, conforme necessidade, existe a cobrança de Certificados; acréscimos para carga perigosa; tarifa de Late Gate ou entrega da carga após o prazo definido; taxas de correção de documentos, etc.
- Cobrados pelo terminal portuário: armazenagem após o período livre concedido; VGM, verificação do peso da carga e contêiner com emissão de documento; taxa de posicionamento do contêiner ou carga para vistoria de órgãos como a Receita Federal, Anvisa, MAPA; taxa de escâner; diárias de energia; etc.
Antes de chegar ao porto haverá o custo do transporte e estufagem da carga no contêiner. Se for uma exportação de carga solta e um agente de cargas for contratado, haverá custos de consolidação e um universo similar de taxas, muitas delas proporcionais à carga em questão. Importante que o exportador solicite a nota fiscal de prestação desses serviços para que possa comparar valores à medida que realizar novos processos e teste novos modelos de exportação ou novos prestadores de serviços.
Não esquecendo dos custos com despachante aduaneiro no Brasil, que é quem faz o processo de despacho da carga junto aos órgãos intervenientes entre outras atividades.
Como pode ser visto a lista é grande e vem crescendo ao longo do tempo. São aplicadas em todo o mundo com algumas variações de custos. Normalmente essas tarifas e taxas são públicas e cobradas em moeda local.
Custos de transporte e tarifas portuárias podem atrapalhar a inserção de novos negócios no comércio internacional.
Na exportação o vendedor precisa ter noção de todos estes custos. Do contrário ele poderá ter até prejuízo, de uma operação que até então seria muito lucrativa! Justamente estas taxas variáveis são as mais traiçoeiras. Devemos ter total atenção e não vejo outra saída a não ser unir conhecimento e forças para não ser pegos de surpresa.
Continuemos com esta gana de exportar, O MUNDO É A SAÍDA.
muito bom, esclarecedor!
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